CORONAVÍRUS: o homem de 86 anos com 13 doenças crônicas que se recuperou da covid-19

Fonte: BBC Brasil
Matheus Magenta
Da BBC News Brasil em Londres

Ele pertencia a quase todos os grupos mais atingidos pelo novo coronavírus. Era homem, tinha 86 anos e apresentava 13 doenças crônicas antes de contrair a grave doença respiratória.

Exame de imagem mostrava sinais nos dois pulmões que podem ser associados a uma pneumonia. Foto: BBC Brasil

Só que, para a surpresa dos profissionais de saúde, ele se tornou uma das 300 mil pessoas recuperadas da covid-19 até agora.

Mas como isso foi possível, já que até o momento não há nenhum estudo clínico que prove a eficácia de um tratamento contra o vírus Sars-CoV-2?

A história inesperada é relatada em um artigo assinado por cinco médicos das cidades chinesas de Guangzhou e Wuhan, onde a pandemia começou em dezembro do ano passado.

O trabalho, já avalizado por pares, foi submetido à revista científica da Associação Internacional para Estudos de Câncer de Pulmão.

POUCAS ESPERANÇAS

Os autores contam que o homem, de identidade não revelada, chegou ao hospital em 22 de janeiro, após dois dias de tosse e febre em torno de 38,8ºC.

Mas as perspectivas não eram muito promissoras para o paciente no Hospital Universitário de Jianghan.

De acordo com o mais amplo estudo já feito sobre a doença, com dezenas de milhares de infectados na China, o grupo com a mais alta taxa de mortalidade era o de pessoas com 80 anos ou mais: 15 a cada 100 infectados morrem.

E para agravar as perspectivas, o paciente de 86 anos apresentava outro fator de risco para o coronavírus: as chamadas comorbidades, que enfraquecem o sistema imunológico. Mais precisamente, 13 delas. A exemplo de hipertensão, diabetes, aterosclerose cerebral, pancreatite e insuficiência renal.

Taxa de mortalidade por coronavírus (idade)

Fonte: Centro Chinês para Controle de Doenças

No caso das pré-existentes diabetes e hipertensão, por exemplo, elas debilitam os neutrófilos, o tipo de glóbulo branco mais numeroso em nosso corpo e que atua como nossa primeira linha de defesa diante de ameaças, como bactérias e vírus.

Além disso, uma tomografia computadorizada apresentou sinais nos dois pulmões que podem ser associados a uma pneumonia.

O diagnóstico de covid-19 foi confirmado sete dias depois da entrada do paciente no hospital por meio do teste que identifica a presença do código genético do novo coronavírus.

COMO REVERTER ESSE QUADRO?

Apesar da corrida global em busca de um remédio que seja eficaz contra a nova doença, ainda não há nenhum estudo clínico em larga escala que tenha apontado alguma solução. Todos, até o momento, são usados de forma experimental a partir de estudos preliminares.

Mas isso significa que os médicos não utilizem remédios em pacientes graves para combater não apenas os sintomas mas também o vírus? Não.

As principais alternativas em estudo e aplicadas a depender da avaliação de cada médico incluem o remdesivir (criado contra o ebola), a cloroquina/hidroxicloroquina (antimaláricos que têm sido associados também ao antibiótico azitromicina) e uma combinação de ritonavir e lopinavir (usados contra o HIV), entre outros.

Ainda não há nenhum estudo clínico em larga escala que tenha apontado alguma solução que de fato funcione contra o novo coronavírus. Foto: Getty images

No Brasil, o Ministério da Saúde liberou o uso da cloroquina/hidroxicloroquina, apenas com autorização médica, a partir dos dados preliminares disponíveis, o chamado de uso compassivo (por compaixão), por não haver ainda uma “alternativa terapêutica específica para esses pacientes”.

No caso do paciente de 86 anos que se curou na China, os cinco médicos relatam que o tratamento foi a associação de um remédio para combater a infecção, outro contra o vírus em si e um terceiro à base de corticoide (metilprednisolona) para evitar o que se chama de “tempestade de citocinas”, substâncias que modulam o tamanho da resposta imunológica do corpo contra um invasor.

Essa tal tempestade é, na verdade, uma reação exagerada de defesa do corpo para combater o patógeno que acaba levando, em alguns casos de covid-19, a uma quantidade desproporcional de células nos pulmões que acaba obstruindo as vias aéreas e impedindo a transferência de oxigênio para a corrente sanguínea. É como se os pulmões acabassem inundados e sufocados.

Segundo especialistas, essa resposta imune exagerada tem sido uma das principais causas de morte de pacientes (principalmente os jovens) com coronavírus. Ainda não está claro porque algumas pessoas apresentam essa “tempestade de citocinas” e outras não.

O tratamento para o paciente de 86 anos descrito pelos cinco médicos chineses também recebeu na veia uma injeção de imunoglobulina humana, produzida a partir do plasma sanguíneo de outros doadores e usada para reforçar o sistema imunológico.

O tratamento com base em anticorpos de pessoas que se curaram, utilizado de forma experimental na China durante a pandemia, é uma das alternativas mais promissoras em estudo contra a covid-19.

O fato é que não dá para ter certeza se a melhora foi resultado dos remédios, mas alguns dias após a administração desse tratamento quádruplo, a febre cedeu e a inflamação nos pulmões recuou, segundo os pesquisadores.

Pela gravidade e velocidade da pandemia, médicos administram medicamentos experimentais para alguns pacientes da covid-19 mesmo que os estudos ainda estejam incompletos. Foto: Getty images

O que esse caso diz sobre a eficácia do tratamento?

Há dezenas de substâncias sob estudos clínicos em andamento ao redor do mundo em busca de um tratamento que funcione contra o novo coronavírus, mas nenhum deles chegou a alguma conclusão sobre sua eficácia.

O que veio a público até agora pela mídia e por redes sociais se trata de testes preliminares, que ainda não passaram por todas as etapas necessárias para uma eventual aprovação. A exemplo de testes in vitro, em camundongos, em animais não roedores e em humanos.

Uma dessas fases é a realização de um teste clínico randomizado controlado, considerado o padrão-ouro da pesquisa científica.

Nele, os pacientes são escolhidos aleatoriamente para evitar que haja um viés de confirmação (uma tendência de interpretar ou orientar os resultados de modo que confirme a hipótese inicial ou as certezas do pesquisador).

Por isso, esse caso isolado de cura do paciente de 86 anos com 13 comorbidades não pode ser tomado como uma prova de que essa abordagem funciona. O mesmo vale para os casos de pacientes que venceram a doença após receberem outros medicamentos experimentais.

Não é possível determinar atualmente que esses remédios foram responsáveis pela melhora do paciente, ou se o corpo venceu a batalha contra o vírus por si próprio, mas todas essas informações servem de pistas dos caminhos que podem ser seguidos pelos pesquisadores.

Um dos tratamentos ainda em estudo utiliza plasma sanguíneo com anticorpos doado por outras pessoas para fortalecer o sistema imunológico de pacientes doentes. Foto: Getty images

Há duas principais pistas dadas pela recuperação do paciente de 86 anos. Uma é a eventual eficácia da chamada imunização passiva com transfusão de plasma sanguíneo, que utiliza anticorpos de outras pessoas. Centros de pesquisa do Brasil foram autorizados a estudar essa possibilidade.

A segunda é um possível caminho para a batalha contra a “tempestade de citocinas”, que ganhou fama durante a Gripe Espanhola entre 1918 e 1920, ao matar muitos jovens.

Randy Cron, especialista em tempestades de citocinas da Universidade do Alabama em Birmingham, afirmou ao jornal americano The New York Times que essa resposta imunológica exagerada aparece em 15% das pessoas que estão lutando com infecções graves.

Ainda não há dados específicos sobre a incidência dela na pandemia atual de coronavírus.

Essa tempestade também é uma das hipóteses (ainda sem confirmação) para explicar por que crianças parecem não estar ficando gravemente doentes.

Em adultos em estado grave, uma resposta imune exagerada parece causar mais danos do que benefícios, provocando uma falência múltipla de órgãos.

Mas crianças, com sistema imunológico mais imaturo, parecem ser menos capazes de criar tempestades de citocina no combate a infecções virais.

Esse quadro de reação desenfreada pode explicar também porque a obesidade é um dos fatores de risco para a covid-19.

“Existem estudos em animais e em humanos que apontam, em quadros de obesidade, uma maior secreção de citocinas, que são substâncias inflamatórias produzidas por diferentes células do organismo e que modulam as células que defendem o corpo de infecções”, afirmou Oscar Cingolani, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, em entrevista recente à BBC News Brasil.

“Estamos começando a ver se isto contribui (para agravamento de quadros de covid-19). O que já sabemos é que, em alguns Estados americanos, como Nova Orleans, onde existem muitos obesos, estes estão entre os mais afetados pelo novo coronavírus.”

Matéria publicada em BBC Brasil (internet) – em 8 de abril de 2020

A ADOLESCÊNCIA NA ERA DIGITAL: QUANDO OS SEUS FILHOS HABITAM DOIS MUNDOS DIFERENTES

Os pais passaram a ter uma dupla preocupação com os seus filhos.

Por Antônio Norton, Psicólogo Clínico

Dupla preocupação porque os seus filhos habitam dois mundos:
– O mundo real – Podemos chamar de “Mundo Offline”
– O mundo digital/virtual – Podemos chamar de “Mundo Online”

Longe vão os tempos em que ter o seu filho no quarto significava um espaço de segurança, livre de preocupações.

Hoje em dia, com o acesso à Internet, seja através do computador ou do telemóvel, o seu filho pode estar perfeitamente no quarto a viajar online por sites desconhecidos, com algum grau de risco, ou a travar amizades virtuais com pessoas desconhecidas ou mesmo a obter informações não adequadas para a sua idade.

Parece que o sossego acabou…

O que fazer perante este cenário?

Como poderá supervisionar o mundo real e o mundo digital dos seus filhos adolescentes?

Como poderá habitar paralelamente estes dois mundos?

Respire fundo, porque existem algumas estratégias que o poderão ajudar!

Na base de toda e qualquer estratégia deverá estar sempre a Regra de Ouro da Comunicação:

  • Fale todos os dias com os seus filhos, olhos nos olhos e não olhos nos écran, sejam os seus ou os deles. Procure observar as suas expressões faciais e esteja atento ao seu tom de voz.
  • Revele interesse e curiosidade pelas pesquisas reais e digitais dos seus filhos. Mostre disponibilidade e genuíno interesse para compreender que sites visitaram, com quem falaram e como passaram o seu tempo na Internet.
  • Queira conhecer esta faceta dos seus filhos sem julgamento.
  • Poderá também servir-se de modalidade de proibição parental da visita a certos sites. Esta estratégia tem o seu risco pois poderá aumentar a vontade de quebrar barreiras, de testar os limites dos seus filhos.
  • Fale abertamente sobre os riscos e os perigos da Internet. Fale sobre os seus pontos de vista e procure um espaço de entendimento por parte dos seus filhos.
Mundo real e o mundo virtual precisam ser esclarecidos na mente dos adolescentes.

Não se esqueça que a Adolescência é geralmente caracterizada por uma forte desidentificação com os modelos parentais, pelo que quanto mais pontes de aproximação conseguir criar com os seus filhos, menor o risco de começarem a falar “línguas diferentes”, com códigos próprios e universos distintos.

Estas são algumas das medidas que poderá implementar para sentir outro conforto na imersão dos seus filhos nestes dois mundos altamente desafiantes: O mundo real e o mundo virtual.

FÍSICO VÊ INDÍCIOS DE PLANEJAMENTO INTELIGENTE NO UNIVERSO

Em entrevista, o doutor em Física Rafael Lopes falou sobe Big Bang, o universo e seus desdobramentos.

Por Felipe Lemos, Assessor de comunicação da sede sul-americana da Igreja Adventista.

O Big Bang, a expansão do universo, e temas que se propõem a explicar em detalhes o cosmo, costumam ser muito abstratos para muitos. É difícil para a maioria das pessoas entender como toda esta imensidão de estrutura passou a existir e como se desenvolveu. Cientistas se debruçam sobre estes temas há séculos e procuram entender, com ajuda de tecnologia de ponta, o que nos cerca em uma realidade com milhares de astros e infinitas complexidades.

A energia escura é a melhor resposta para explicar a surpreendente expansão acelerada do universo, observada desde 1998.

Um dos que se ocupa disso é o físico adventista Rafael Lopes. Ele é formado em Física pela Universidade Federal do Maranhão (2005), com mestrado em Física (2008), e ênfase em Teoria Quântica de Campos, pela mesma universidade. Em 2009, passou a atuar como professor efetivo de Física do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão. No ano de 2018, concluiu o doutorado em Física com ênfase em cosmologia na Universidade de São Paulo (USP). Ele conversou sobre o universo e seus desdobramentos com a equipe da Agência Adventista Sul-Americana de Notícias (ASN).

Leia também: Físico afirma: “estudo do Universo nos abre fronteiras ao entendimento”

Fale um pouco sobre o que se sabe, de maneira geral na ciência, a respeito da origem e expansão do Universo. O que temos hoje?

Segundo os dados e teoria que possuímos, o melhor modelo para descrever a origem do universo é a teoria conhecida como do Big Bang. De acordo com este modelo, o universo se iniciou a partir de um estado de altíssima densidade e começou a se expandir. Primeiramente, esse modelo é resultante de uma solução das equações de Einstein da teoria da relatividade Geral, com diversas confirmações experimentais. Além dessa fundamentação teórica, a teoria do Big Bang é fortalecida por largas confirmações como a observação da radiação cósmica de fundo, um eco energético dos momentos iniciais do Big Bang e a abundância de gás hélio.

Quanto à expansão, o modelo que melhor descreve a dinâmica do universo é o modelo LambdaCDM. E que caracteriza a expansão do universo como resultante da influência de seu conteúdo energético, o qual é formado de 5% de matéria comum, 25% de matéria escura e 70% de energia escura. A matéria escura foi descoberta como resultado da observação de efeitos gravitacionais que são bem mais intensos do que a matéria luminosa observada poderia causar. E a energia escura é a melhor resposta para explicar a surpreendente expansão acelerada do universo, observada desde 1998.

Como explicar a visualização de galáxias antiquíssimas, há bilhões de anos-luz de distância já plenamente formadas, se a teoria vigente até aqui era a da evolução gradual das galáxias? Ou elas foram criadas prontas, ou a teoria do Big Bang precisa de sérias revisões. Como você avalia isso?

Um ponto importante a definir é que a teoria do Big Bang não é o mesmo que teoria de formação de estruturas. Uma não necessariamente implica na outra. A teoria de formação de estruturas realmente implicaria que estruturas vistas a longas distâncias deveriam aparentar ser mais irregulares, no entanto, essas divergências podem implicar que o processo de formação de estruturas ainda não é bem compreendido. Além disso, se outras observações não apresentarem os mesmos resultados, pode significar apenas que essas galáxias estavam em uma condição especial tal que permitiu acelerar seu processo de formação. Portanto, as soluções para essas observações são mais complexas do que imaginamos.

Quais são as explicações que os criacionistas oferecem a respeito da origem e expansão do Universo?

Dentro da visão criacionista, que interpreta os primeiros capítulos do livro de Gênesis como literais, é possível identificar algumas variantes de interpretação. Por exemplo, existem os criacionistas de Terra jovem e universo jovem. Para eles, o livro de Gênesis descreve a criação tanto da Terra como do universo em sete dias literais. Nesse caso, haveria diversas discordâncias entre a visão apresentada pela ciência e pela Bíblia. Além dessa, há uma visão de que o relato de Gênesis está focado na descrição da preparação da Terra para habitação de vida e não na formação do universo. Este ponto de vista não apresentaria uma discordância direta com o modelo atual de origem e expansão do universo.

É importante destacar que há experientes teólogos que advogam em favor de ambas as visões. Isso demonstra, no mínimo, que  a Bíblia não é específica ao descrever o processo de origem do universo. Mas ela deixa claro que o originador foi Deus, que o criou a partir do nada. E isso está em consonância com a teoria do Big Bang. Tais semelhanças, inclusive, foram as principais razões para resistência à aceitação dessa descrição do universo por parte de diversos cientistas, até hoje. Como descreve Robert Jastrow, astrônomo agnóstico e fundador do Instituto Goddard da Nasa, ex-chefe do Observatório Mount Wilson: “A Lei de Hubble é uma das grandes descobertas da ciência: ela é um dos principais suportes da história científica do Gênesis”.

Você tem estudado mais profundamente a Cosmologia e, provavelmente, percebe um planejamento inteligente sobrenatural na organização das galáxias e planetas, certo?

Desde a teoria do Big Bang, até a teoria de formação de estruturas, podemos ver indícios de um planejamento. Em especial, quando pensamos nos ajustes necessários para que o universo tivesse a aparência que tem. Por exemplo, se as “sementes” de densidade no universo não fossem da ordem que certa, o que ocorreria? O universo poderia ter se tornado logo um imenso buraco negro ou tão disperso que não haveria qualquer estrutura observável como galáxias e aglomerados. Nas palavras do ganhador do prêmio Nobel de Física, George Smoot, obtido pela descoberta do espectro de corpo negro e da anisotropia da radiação cósmica de fundo:

“E quando vemos que uma inclinação considerável no espectro da flutuação quântica das ondulações primordiais poderia ter produzido, no lugar, um vasto formigueiro de buracos negros ou um cosmos de gigantes pesados, então novamente percebemos o quão facilmente as coisas poderiam ter sido muito diferentes” (citado no livro “Mostre-me Deus!”, de Fred Heeren)Outra concordância que indica um designer é a harmonia quanto aos valores das constantes físicas necessárias na descrição da física do universo, questão conhecida como ajuste fino do universo. Isso é tão patente que, para explicarem, muitos cientistas utilizam o conceito de multiversos. É uma teoria que defende que o nosso universo faz parte de uma coleção de universos, cada qual com sua configuração de valores das constantes fundamentais. Dessa forma, o nosso universo foi aquele que teve a “sorte” de ter as constantes ajustadas de tal forma a permitir a formação de vida inteligente. Não há, contudo, qualquer confirmação experimental de tal proposta.

HOMOSSEXUALIDADE: NÃO DEVEMOS OLHAR SÓ PARA OS GENES

Novas pesquisas sobre homossexualidade e genética precisam ser analisadas a partir de um olhar técnico. O que realmente há de sólido neste assunto?

Por Tiago Souza é biólogo, mestre e doutor em Genética pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP).

Sempre que surge um novo estudo sobre o tema da homossexualidade associado à genética, muita especulação e notícias sensacionalistas são veiculadas. Muitas delas adotam, por vezes, um claro viés ideológico. Não foi diferente com o estudo Large-scale GWAS reveals insights into the genetic architecture of same-sex sexual behavior. O material foi publicado no prestigiado periódico Science no dia 29 de agosto desse ano.

Foto: NACE

O estudo foi liderado pela cientista Andrea Ganna, e contou com a colaboração de pesquisadores das principais universidades do mundo (por exemplo Harvard, MIT e Cambridge). É uma pesquisa que demonstra metodologia robusta e um grupo amostral respeitável de quase 500 mil pessoas. É considerado, ainda, o maior estudo já realizado que se propôs a investigar a base genética da sexualidade humana.

Contexto
Precisamos contextualizar as análises que foram feitas nesse estudo. Em primeiro lugar, é importante lembrarmos que o genoma humano é formado por 3 bilhões de pares de nucleotídeos que são representados pelas letras A (adenina), T (timina), C (citosina) e G (guanina). Algumas sequências dentro dessas bilhões de letras formam genes. A espécie humana possui cerca de 20 a 25 mil genes.

No entanto, algumas letras específicas (A, T, C, G) podem variar dentro da sequência do gene de um indivíduo para o outro. Quando uma dessas variações envolve apenas uma letra da sequência gênica e está presente em pelo menos 1% da população, recebe o nome de Polimorfismo de Nucleotídeo Único (SNPs).

As análises conduzidas por Andrea e seus colaboradores correlacionaram as SNPs de cada uma das 492.678 pessoas analisadas com a respectiva preferência sexual. Eles queriam encontrar alguma variação na sequência do DNA que estivesse relacionada com o comportamento homossexual. Apesar de todo o esforço, apenas cinco marcadores genéticos foram estatisticamente correlacionados com o comportamento homossexual. De forma geral, os resultados desse novo estudo não foram muito diferentes dos outros e apontaram que até 25% do comportamento homoafetivo pode ser explicado por componentes genéticos.

Ou seja, esses resultados demonstram claramente que os aspectos culturais e sociais do indivíduo são mais presentes (75%) em relação a aspectos genéticos. É importante ressaltar que aspectos culturais e sociais podem influenciar a dinâmica dos genes por meio de alterações epigenéticas, e essas alterações podem explicar de forma mais satisfatória uma provável tendência à homossexualidade.

Foto: CC.com

Reação à pesquisa
Obviamente, o comportamento humano é extremamente complexo e determinado por diversos fatores. Isso inclui aspectos genéticos, epigenéticos, culturais e sociais. É por isso que o estudo, de forma alguma, representou uma revolução na compreensão das bases do comportamento homossexual.

O prestigiado periódico científico Nature, em nota oficial, escancarou a insignificância dos resultados obtidos por Andrea Ganna e colaboradores. Isso aparece já no título da nota, que diz: “Nenhum ‘gene gay’: estudos maciços se baseiam na base genética da sexualidade humana.” E no subtítulo também: “Quase meio milhão de genomas revelam cinco marcadores de DNA associados ao comportamento sexual – mas nenhum com o poder de prever a sexualidade de um indivíduo.” Ou seja, apesar do esforço de amostra louvável desse estudo, temos de ser realistas quanto à ausência de marcadores genéticos comprovadamente relacionados à homossexualidade.

Infelizmente, o sensacionalismo promovido por alguns meios de comunicação transforma estudos como esse em “provas” inequívocas de que existe uma base genética para a homossexualidade. Há um tipo de manipulação de dados científicos, seja em prol de uma agenda progressista ou conservadora. Isso é extremamente preocupante, pois fere a neutralidade do método científico e ainda promove desinformação entre a população leiga.

COMO TRATAR A ANSIEDADE SEM MEDICAMENTOS?

Por Portal Educação/Dia a Dia

Buscar atividades na natureza, sair da rotina e ouvir música relaxante ajudam a alcançarmos uma concentração favorável para a nossa mente, liberando a tensão e o stress.

A ansiedade tem sido uma queixa cada vez mais comum nos dias atuais. E são muitos os problemas que a ansiedade pode trazer para a saúde, porém, existem meios de tratarmos e evitarmos este problema sem o uso de medicamentos que geralmente são controlados e geram dependência química e psíquica.

ENDORFINA: Atividade física
Uma das formas mais eficazes de combater a ansiedade está na atividade física diária. Isso ajuda a libertar o excesso de energia que acumulamos no corpo e também libera um hormônio muito importante para nós, a endorfina. Este hormônio é importante, principalmente para quem sofre de depressão e ansiedade porque ele é responsável por diminui a dor, e acredite, elevar a felicidade!

Técnicas e exercícios de relaxamento também ajudam muito para quem precisa diminuir a ansiedade. Algumas técnicas de respiração são ótimas para quem precisa se livrar dela onde quer que esteja. Basta inalar o ar através do nariz e direcioná-lo para a parte inferior do estômago onde fica o diafragma, de modo que a barriga incha. Depois o ar deve ser solto gradualmente pela boca. Esta é a respiração diafragmática. Respirar desta forma por mais ou menos 10 minutos, todos os dias, ajuda a aliviar a tensão, e assim a ansiedade diminui drasticamente.

A dica está em consumir ervas e plantas medicinais como a alfazema, camomila, anis e erva-cidreira que proporcionam efeito calmante.

Evite cafeína e ouça boa música
Ouvir uma música relaxante ajuda a alcançarmos uma concentração favorável para a nossa mente, fazendo com que a aflição desapareça e o corpo relaxe e fique livre da tensão. Essa opção musical é adequada para eliminar não apenas a ansiedade, mas também, a tensão e o stress acumulados no dia a dia.

Uma dica muito importante está em evitar o consumo de produtos que possuam cafeína, porque este elemento estimula a produção de adrenalina, ajudando a aumentar a ansiedade. A dica está em consumir ervas e plantas medicinais como a alfazema, camomila, anis e papoula. Especialmente a erva-cidreira, que produz no corpo um efeito calmante e sedativo. É importante ressaltar que, se a ansiedade começar a atrapalhar as tarefas do dia a dia é imprescindível à ida a um médico especializado.

SAÚDE MENTAL E ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO

É caracterizado pela exposição prolongada a situações constrangedoras e humilhantes que ocasionem um stress intenso e uma possível depressão.

Por portal Educação/Saúde

Além de buscar os direitos legais, a pessoa que sofreu assédio moral deve procurar ajuda médica. Foto: psiquiatria.com

Configura-se assédio moral, quando o trabalhador é exposto a situações constrangedoras e humilhantes de modo que sejam prolongadas e repetitivas durante o ambiente de trabalho e no exercício das suas atribuições. É algo muito corriqueiro em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, onde são predominantes afinidades negativas, antiéticas, desumanas e de extensa duração.

Este não é um tema novo, porém, mesmo com o grande conhecimento a respeito desta situação, ainda existem muitos casos de assédio moral nas empresas de todo o país e do mundo, de modo que existem campanhas que auxiliam todos os trabalhadores, a saber, compreender se está sendo assediado moralmente e como buscar o seu direito. Porém, também é importante debatermos sobre a saúde mental de indivíduos que passam por este problema.

Esta humilhação, de longa duração prejudica e muito a vida do indivíduo de modo direto, de tal maneira que compromete a sua dignidade, a sua identidade e as relações afetivas sociais, podendo ocasionar em problemas irreversíveis. Por ser um ato de repetição, o indivíduo assediado pode apresentar problemas à sua saúde física e mental, não somente pela pessoa assediada, mas como também das pessoas que testemunham este tipo de agressão.

A pessoa que passa por este tipo de humilhação, pode desencadear problemas que jamais seriam apresentados por ela, tais como ideologias suicidas, visto que ele procurará esta opção para se “livrar” dos problemas viventes no trabalho. Tudo isso ocorre por um stress intenso e uma possível depressão, sendo esta uma tristeza patológica que a pessoa sente pela constante humilhação.O que por sua vez trás problemas sérios para a sua saúde física, pois a mesma se debilita de forma progressiva se não procura atendimento médico especializado, e quando procura necessita de observação e terapia constante. Por isso além de buscar os direitos legais, a pessoa que sofreu assédio moral deve procurar ajuda médica o quanto antes, para que seja avaliada se a mesma apresenta problema mental que pode lesá-la intensamente.

SAIBA MAIS SOBRE O CÂNCER DE GARGANTA

Entre 10% e 40% dos pacientes curados podem desenvolver um segundo câncer de garganta mais tarde.

Por H. Câncer Barretos e A.C Camargo

Dr. Arnaldo Jofre, especialista em Oncologia, atende na Clínica OncoC

Câncer é o nome dado para um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células, que invadem tecidos e órgãos. Essas células se dividem rapidamente e são muito agressivas e incontroláveis dentro do nosso organismo, o que provoca a formação de tumores, que podem se espalhar para outras regiões do corpo.

Entre os diversos tipos de câncer que existem, vamos conversar sobre o câncer de garganta ou, câncer orofaríngeo. É o que se desenvolve na parte da garganta que fica logo atrás da boca, chamado pelos médicos de orofaringe. Ela inclui a base da língua (a parte posterior da língua), o palato mole, as amígdalas e os pilares e as paredes laterais e posterior da garganta. Como a boca, a garganta participa da respiração, fala, alimentação, mastigação e deglutição e contém vários tipos de células e tecidos, e diferentes tipos de tumores podem se desenvolver a partir de cada tipo de célula. Mais de 90% dos cânceres de boca e garganta são carcinomas de células escamosas, também chamados de carcinomas espinocelulares ou ainda carcinomas epidermoides. Células escamosas são achatadas e revestem a garganta.

Como se desenvolve
O carcinoma espinocelular começa como um conjunto de células anormais e sua forma inicial é chamada de carcinoma in situ, ou seja, que só está presente nas células da camada de revestimento, chamada de epitélio. Um carcinoma espinocelular invasivo significa que as células do câncer penetraram em camadas mais profundas da orofaringe.

Está caindo o número de cânceres relacionados ao tabaco, devido às campanhas de controle, mas estão aumentando os casos relacionados ao HPV , apontam os dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Pacientes recém-diagnosticados podem apresentar outro tumor em áreas próximas como a laringe, o esôfago (que liga a garganta ao estômago) ou o pulmão. Daqueles curados do câncer de garganta, entre 10% e 40% podem desenvolver outro câncer num desses órgãos ou um segundo câncer de garganta mais tarde. Por essa razão, é importante que esses pacientes sejam acompanhados pelo resto da vida e evitem o cigarro e a bebida, que aumentam o risco desses outros cânceres.

Quais os sintomas servem de alerta
Ao identificar a existência de algum dos sintomas abaixo e sua permanência por mais de duas semanas, é indicada a realização de uma consulta com um médico. Nesse caso o médico deverá pedir outros exames, para confirmar ou não o diagnóstico. Muitos desses sinais e sintomas podem ser causados por outros tipos de câncer ou por doenças menos graves e benignas. Mas quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores as chances de cura. Veja abaixo os sintomas que você deve ficar atento para prevenir um câncer de boca ou garganta:

  • Ferida na boca sem cicatrização (sintoma mais comum)
  • Dor na boca que não passa (também muito comum, mas em fases mais tardias)
  • Nódulo persistente ou espessamento na bochecha
  • Área avermelhada ou esbranquiçada nas gengivas, língua, amídala ou revestimento da boca
  • Irritação, dor na garganta ou sensação de que alguma coisa está presa ou entalada na garganta
  • Dificuldade ou dor para mastigar ou engolir
  • Dificuldade ou dor para mover a mandíbula ou a língua
  • Inchaço da mandíbula que faz com que a dentadura ou prótese perca o encaixe ou incomode
  • Dentes que ficam frouxos ou moles na gengiva ou dor em torno dos dentes ou mandíbula
  • Mudanças persistentes na voz ou respiração ruidosa
  • Caroços no pescoço
  • Perda de peso
  • Mau hálito persistente

ENTENDA O QUE SÃO ECLAMPSIA E PRÉ-ECLAMPSIA

Muito importante para as mulheres grávidas, saber o que é a eclampsia e a pré-eclampsia.

Por Dra. (Revista Crescer)

Dra. ……, ginecologista e obstetra do Grupo Prenatal

A eclâmpsia pode seguir uma condição de pressão arterial elevada e excesso de proteína na urina durante a gestação (pré-eclâmpsia).

Os sintomas que indicam um risco crescente de eclampsia incluem dor no lado superior direito do abdômen, dores de cabeça intensas e alterações no estado mental e na visão.

Medicamentos podem tratar e prevenir as convulsões e reduzir a pressão arterial elevada. Pode ser necessário adiantar o parto.

A pré-eclâmpsia acontece normalmente a partir da 20ª semana de gestação

O perigo real
A pré-eclâmpsia está entre as principais causas da mortalidade materna, e vem crescendo no Brasil, mesmo diante de todo o avanço da medicina. Hoje, no país, o índice de mortalidade está em 64,5 óbitos maternos para cada 100 mil nascidos vivos – número bem acima da meta firmada com a Organização das Nações Unidas (ONU), que é de 30 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos até 2030, conforme os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. E muito disso – 20%, segundo dados do Ministério da Saúde – se deve ao grupo das doenças hipertensivas. Nele, estão incluídas a eclâmpsia (52%) e a pré-eclâmpsia (44%), praticamente com metade das mortes para cada.

Mas, afinal, o que é pré-eclâmpsia?
Você deve estar pensando “ok, já entendi que a coisa é séria e preciso me cuidar, mas então o que é exatamente essa doença e o que devo fazer?”. Vamos por partes: a pré-eclâmpsia é uma doença que pode aparecer tanto na gestação quanto no pós-parto, caracterizada por aumento da pressão arterial associado a alguma disfunção de órgãos (rim, fígado, cérebro) e presença de proteína na urina.

Se a mulher já teve pré-eclâmpsia na primeira gestação, o risco de repetir o problema diminui, se o pai for o mesmo

Acontece uma falha no momento em que a placenta penetra no útero materno, o que gera uma modificação dos vasos placentários, reação inflamatória que propicia pressão alta e outras alterações. “A causa é desconhecida, mas, provavelmente, multifatorial. Existem determinados fatores de risco para pacientes terem essa doença, como pré-eclâmpsia na gestação passada, IMC (índice de massa corporal) maior que 25, diabetes prévio à gestação, hipertensão crônica, gestação múltipla, lúpus,histórico familiar de pré-eclâmpsia, entre outros”, explica a ginecologista e obstetra Fernanda Mauro, do Grupo Perinatal (RJ).

A pré-eclâmpsia acontece normalmente a partir da 20ª semana de gestação, quando, segundo o ginecologista e obstetra Alexandre Pupo Nogueira, do Hospital Sírio Libanês (SP), a placenta pode apresentar uma perda de função, juntamente com o aumento da retenção hídrica da paciente. “Tem correlação também com pacientes que exibem maior predisposição a ter trombose, nas doenças chamadas de trombofilias, como síndrome antifosfolípede, e nas mulheres com mutações que favoreçam a coagulação do sangue. O excesso de consumo de sódio também favorece o quadro”, complementa. Se a mulher já teve pré-eclâmpsia na primeira gestação, o risco de repetir o problema diminui, se o pai for o mesmo. Isso porque existe a adaptação imunológica da mãe ao DNA dele. Já se a segunda gravidez for de um novo parceiro, a chance gira em torno de 6%, como se fosse uma primeira gestação.

CONHEÇA MAIS SOBRE HEMOFILIA

Mais de 12 mil pessoas já foram diagnosticadas com hemofilia no Brasil. Esta é a quarta maior população mundial de pacientes com a doença.

Por Dr. (saude.gov.br)

Especialista em Hematologia, atende na Clínica Espaço Saúde, Linhares-ES
Simulação em 3D da ruptura de veia/artéria que ocasiona hemorragia

O Dia do Hemofílico no Brasil é comemorado em 4 de janeiro. A data é uma oportunidade de falar sobre essa doença que é rara mas que tem tratamento disponível no Sistema Único de Saúde.
A hemofilia é uma doença genética, ou seja, é transmitida dos pais para os filhos no momento em que a criança é gerada.

O que é a Hemofilia?

A hemofilia é um distúrbio na coagulação do sangue. Por exemplo: Quando cortamos alguma parte do nosso corpo e começa a sangrar, as proteínas entram em ação para estancar o sangramento. Esse processo é chamado de coagulação. As pessoas portadoras de hemofilia, não possuem essas proteínas e por isso sangram mais do que o normal.

Existem vários fatores da coagulação no sangue, que agem em uma sequência determinada. No final dessa sequência é formado o coágulo e o sangramento é interrompido. Em uma pessoa com hemofilia, um desses fatores não funciona. Sendo assim, o coagulo não se forma e o sangramento continua.

Sangramentos
Geralmente, os sangramentos são internos, ou seja, dentro do seu corpo, em locais que você não pode ver, como nos músculos. Podem também ser externo, na pele provocado por algum machucado aparecendo manchas roxas ou sangramento. As mucosas (como nariz, gengiva, etc.) também podem sangrar.

Os sangramentos podem tanto surgir após um trauma ou sem nenhuma razão aparente.

De acordo com dados da World Federation of Hemophilia, o Brasil possui a quarta maior população mundial de pacientes com a doença, somando mais de 12 mil pessoas.